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Encontrar o balanço perfeito entre o amor e a paixão não é fácil nem acontece com toda a gente. Se calhar, é daquelas coisas que pode acontecer uma vez na vida, ou mais algumas, se tiveres sorte, mas também pode nem acontecer.
Às vezes questiono-me: o que acontece depois do "felizes para sempre"? Segundo as histórias que nos contam desde o berço, o estado "felizes para sempre" começa com o casamento. Mas porquê? Não pode ser de outra forma, sem termos de seguir regras e ordens hierárquicas que nem sequer foram decididas por nós?
Quando conheci o M, ele disse-me que seria um péssimo namorado e sugeriu-me que fossemos amantes. Só a palavra já me ofendeu. AMANTE? Eu? Talvez por nem saber o que significava ser amante, sabia que não queria, queria ser namorada. Nos primeiros 3 meses seguimos as regras dele, e fomos amantes, nos seguintes tornamo-nos namorados, como eu precisava.
No tempo que fomos amantes, viajamos, subimos montanhas, tivemos jantares de sonho, dançamos tango, fomos a muitas festas, conhecemos muitas pessoas, bebemos martini, passamos horas a falar e a apontar lanternas para o tecto, passamos noites ao luar, a olhar as estrelas, tornamo-nos muitas coisas, mas especialmente grandes amigos... todas as vezes que precisei dele, ele esteve comigo.
Quando passamos a ser namorados, tínhamos mais estabilidade, mais segurança, mas mais pressão exterior também. Comecei a pensar no futuro, tão preocupada em começar a "ser feliz para sempre" que nem percebi que já era. Por estarmos numa relação, ele deixou de fazer as coisas que fazia quando éramos amantes, quando tinha de me conquistar e surpreender todos os dias.
Talvez o amor funcione melhor a dois, talvez as convenções sociais não devessem ter tanta importância, talvez cada casal devesse encontrar a sua forma de existir... Talvez ter um amante, melhor amigo, cúmplice seja melhor do que ter um namorado, e talvez se torne marido melhor... ou talvez nem precise de ser um marido para fazer alguém "feliz para sempre". Sempre fui criativa, sempre fiz tudo à minha maneira, e acabei por cair na armadilha do "dever ser" do amor e da felicidade.
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