quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Necessidades

Fonte
Ninguém me satisfaz. Mais de uma década de tentativas falhadas na busca de alguém que me conforte a alma e não deixe espaço para dúvidas, incertezas, satisfações, mas chega sempre o inevitável dia em que não aguento, sufoco na imensidão do vazio.

Não custa terminar, passado algum tempo ambos estamos num novo relacionamento e os mesmos enganos repetem-se, sem fim. Se calhar não paramos para reflectir sobre o tipo de expectativas que temos quando entramos num relacionamento amoroso. 

Tentei dividir as necessidades amorosas em 4 tipos: as fundamentais, as negociáveis, as absurdas e as impossíveis. As fundamentais são aquelas coisas que dão significado à relação: amor, parceria, lealdade, companheirismo, etc. 

As necessidades negociáveis estão relacionadas com os nossos gostos (como comida favorita, gosto musical, sítios a frequentar, local de férias...). São aspectos flexíveis que pessoas maduras conseguem negociar facilmente, fazendo convergir e funcionar no relacionamento. 

As necessidades absurdas são aquelas que, quando pensamos sobre elas, temos vergonha de as termos desejado! “Queria que ele me entendesse sem que eu dissesse nada“. Minhas queridas, telepatia está fora de questão! O amor não envolve nenhuma categoria de adivinhação! Senão, imaginemos que estes desejos se realizavam. “Queria que ele me desse sempre atenção!“ - conseguem imaginá-lo a olhar para a nossa cara 24 horas por dia?!  “Queria que ele estivesse sempre do meu lado“ - e pronto, lá andava ele, a seguir-nos para todo o lado, inclusive para o WC! Ahh! Amor de m*rda! Pois é, a melhor forma de saber se a demanda é absurda concretizar a fantasia!

As necessidades impossíveis estão na base de grande parte das desarmonias, frustrações e desentendimentos numa relação (e na vida). Por exemplo, “Queria que me amassem como eu sou“, mas como é que definimos o que nós somos, uma vez que somos seres mutáveis?! E o que é o amor, de facto? É possível que os outros amem inclusive o facto de agirmos de modo egoísta e cruel nos nossos piores dias? “Queria que as pessoas me entendessem“, mas não conseguiria escrever um manual completo de procedimentos a meu respeito... e os outros também não! 

Assim parece óbvio por que vivemos tristes, insatisfeitos e frustrados nos nossos relacionamentos (e podemos até fazer da vida do parceiro um tormento!). De facto, não há bombeiro que consiga apagar os desejos deste inferno que eu criou... e como eu conheço muitas pessoas.

Dizem, que reconhecer o problema é o primeiro passo. Vamos ver quais serão os seguintes!

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